EUA e Europa reestatizam, mas Levy defende privatização de saneamento e água

O presidente do BNDES, Joaquim Levy, afirmou nesta semana que o banco deverá “atuar” mais na área de saneamento. Na contramão de países como Estados Unidos, Alemanha e França  e seguindo a cartilha do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele falou do empenho do governo federal em abrir setores de serviço como os de saneamento e água à iniciativa privada. A Cedae foi usada como exemplo por Levy:

– Aqui no Rio de Janeiro,  o governador (Wilson Witzel) tem demonstrado interesse em dar uma solução para a Cedae que, inclusive, ajuda o estado, porque vai ter gente que vai querer pagar para operar partes da Cedae, uma coisa muito bacana e transformadora para a cidade e para o estado.

O que o presidente do BNDES e o governo federal parecem estar ignorando é a tendência mundial de reestatização de serviços de água, saneamento, energia e transporte, conforme reportagem do site UOL baseada em relatório do TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade baseado na Holanda.  (Leia a matéria completa

“O TNI mapeou serviços privatizados que foram devolvidos ao controle público em todo o mundo entre os anos de 2000 e 2017. São casos de concessões não renovadas, contratos rompidos ou empresas compradas de volta, em sua grande maioria de serviços essenciais como distribuição de água, energia, transporte público e coleta de lixo”, informa a reportagem. De acordo com o TNI, foram pelo menos 835 remunicipalizações e 49 nacionalizações.  

Os motivos, na maioria dos casos, foram reclamações de preços altos e serviços ruins, ainda segundo a instituição internacional.  “E a tendência é acelerada: mais de 80% dos casos aconteceram de 2009 em diante. O movimento é especialmente forte na Europa, onde só Alemanha e França já desfizeram 500 concessões e privatizações do gênero. Os episódios, porém, se repetem por todo o mundo e estão espalhados por países tão diversos quanto Canadá, Índia, Estados Unidos, Argentina, Moçambique e Japão)”, afirma outro trecho da reportagem.

 

(Com Agência Brasil e Uol Notícias)

Presidente do BNDES defende privatização do saneamento

14/05/2019 – 15H05 – POR AGÊNCIA BRASIL

Em entrevista no Rio de Janeiro, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Joaquim Levy, falou sobre outra área em que o Banco deverá atuar mais, a de saneamento. Ele lembrou que, recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o S na sigla BNDES tem que ser de mais investimentos em saneamento:

“A gente quer abrir este mercado para o setor privado para, realmente, poder levar o saneamento para todos os lugares do Brasil e não como hoje, ter mais esse deficit de 30% a 40% da população que, por exemplo, não tem esgoto. Trazer novas tecnologias, novas maneiras de fazer isso de tal maneira que tenha esgoto barato e diminua as doenças e a poluição. Para isso a gente está trabalhando. Há muitas empresas privadas com interesse em investir no saneamento, desde que as leis estejam corretas”.

Levy adiantou, que em princípio, a expectativa do banco é de desembolsos na casa de R$ 70 bilhões, mas que o valor será reavaliado em junho. O presidente do BNDES disse que tem conversado sobre saneamento com diversos governadores para avaliar como atrair o setor privado. Ele deu o exemplo do Amapá, estado onde a elaboração de um plano de saneamento, com a participação do setor privado, está avançada. As conversas também estão adiantadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

“Aqui no Rio de Janeiro, o governador tem demonstrado interesse em dar uma solução para a Cedae que, inclusive, ajuda o estado, porque vai ter gente que vai querer pagar para operar partes da Cedae, uma coisa muito bacana e transformadora para a cidade e para o estado”.

Joaquim Levy também elogiou a iniciativa do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que tem tido uma atuação “corajosa” e “eficaz” em abrir os serviços públicos para trazer dinheiro do setor privado. “Ele [Eduardo Leite] passou um referendo muito bacana na Assembleia do Rio Grande do Sul. Acho que isso abre uma série de oportunidades e o BNDES vai estar presente, assim como em Brasília, em todos os lugares em que o pessoal quer pensar em coisas novas e trazer o setor privado em diversas formas para soluções para a população brasileira. Assim a gente vai crescer”

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