Witzel planeja vender ações ou fazer concessões de serviços da Cedae

RIO — O estado pretende finalizar o trâmite de venda da Cedae — ou de pelo menos parte da empresa — em outubro do ano que vem, apenas dois meses antes do prazo dado pela União para a quitação do empréstimo de R$ 2,9 bilhões obtido em 2017 por meio do Regime de Recuperação Fiscal. O governador Wilson Witzel disse nesta sexta-feira que há duas possibilidades de destino para a companhia: a abertura ao mercado de ações ou a concessão à iniciativa privada dos serviços de água e esgoto em algumas regiões.

—A Cedae tem que ser privatizada antes de 2020, quando vence o prazo atual do Plano de Recuperação Fiscal ( que está sendo renegociado ). Podemos vender a empresa em um leilão, como também fazer um IPO ( oferta pública inicial ) da companhia para torná-la cada vez mais competitiva, transparente e eficiente — disse Wilson Witzel em uma entrevista coletiva.

A declaração contradiz o discurso de campanha de Witzel e seu posicionamento nos primeiros dias de governo, quando afirmava ser contrário à privatização. Ele mudou o tom em meio ao cenário de crise financeira e à discussão, no Congresso Nacional, de um novo marco regulatório para o saneamento, que deve ampliar o interesse da iniciativa privada na prestação de serviços. Segundo estimativas do Palácio Guanabara, o novo marco regulatório elevaria o valor da Cedae para R$ 10 bilhões.

Foi essa possibilidade que levou Witzel a pedir ao BNDES, em junho, que refizesse os estudos sobre a venda. Contratado na gestão do ex-governador Luiz Fernando Pezão para traçar a modelagem de venda da Cedae, o BNDES não havia levado em consideração a votação do novo marco regulatório em Brasília.

Ao GLOBO, o governador explicou que, caso o estado opte por vender ações, manterá o controle majoritário da companhia, com 51% das ações. Por sua vez, a opção pela privatização não seria em sua integralidade. A ideia seria fazer concessões dos serviços de água e esgoto à iniciativa privada apenas em algumas regiões do estado. Na capital, por exemplo, parte dos serviços de esgoto já foi privatizada. Mas o modelo é diferente. A prefeitura fez a concessão do serviço na área conhecida como AP 5 (Zona Oeste, menos Barra, Recreio e Jacarepaguá), de modo que uma empresa privada fatura pelo tratamento de esgoto e paga à Cedae pelo fornecimento da água.

A ideia de Witzel de vender 49% das ações da Cedae, permanecendo com o controle acionário da companhia, é vista com reservas pelo economista Frederico Turolla, da empresa de consultoria Pezo Economics.

—Se isso acontecer, o estado não terá parceiros para o negócio. O investidor privado tem que assumir o controle da empresa para fazer a reestruturação necessária. A melhor alternativa seria privatizar — disse Turolla.

Já criticado pelo Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal por conta de um atraso de nove meses no cronograma, o governo estadual terá que correr para cumprir o prazo de venda da Cedae e conseguir pagar o que deve. O agravante é que muitas iniciativas não dependem do Palácio Guanabara. O próprio Witzel admite que precisa aguardar o Congresso aprovar o novo marco regulatório do saneamento, o que ainda não tem data para acontecer. A proposta que modifica as regras em vigor é do senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE ). Atualmente, o projeto tramita na Câmara dos Deputados e, caso sofra modificações, ainda terá que retornar ao Senado. A versão em debate na Câmara prevê que tanto empresas públicas como privadas possam participar das concorrências. Também é possível licitar operações de serviços de água e esgoto em blocos.

O relator do projeto na Comissão Especial de Saneamento, deputado Geninho Zuliani (SP), acredita que seu parecer será votado em 15 de outubro. A expectativa é que o plenário aprecie a matéria até o dia 31 do mês que vem. No Senado, a assessoria de Jereissati prefere não fazer previsões. Após a sanção presidencial, a Agência Nacional de Águas (ANA) ainda vai regulamentar detalhes da lei.

Há ainda outras questões a serem resolvidas nos próprios limites do estado. Desde o fim de 2018, quando passou a vigorar a lei que criou o Instituto Rio Metrópole , o planejamento de programas estratégicos depende de análise prévia das 22 prefeituras que integram a região, por serem atividades que podem afetar diretamente o dia a dia das cidades. Decisões, inclusive sobre a Cedae, são tomadas pelo governador (que preside o órgão) e representantes das prefeituras e da sociedade civil. O número de votos é proporcional à população das cidades.

Seja qual for o modelo, a privatização da Cedae é quase inevitável, como admitem fontes do Palácio Guanabara, porque, mesmo que Witzel consiga aprovar no Ministério da Economia as mudanças que deseja no Regime de Recuperação Fiscal, ainda terá dificuldades para equilibrar as contas. O estado precisa de cerca de R$ 4 bilhões (levando-se em conta juros acumulados) para honrar um empréstimo com o Banco BNP Paribas, firmado no fim de 2017. Na época, o governo colocou salários em dia e usou a Cedae como garantia de pagamento.

 

Witzel confirma privatização da Cedae

RIO — Um dia depois de o governo anunciar as medidas apresentadas para tentar revisar o Regimento de Recuperação Fiscal do Rio, o governador Wilson Witzel anunciou, nesta sexta-feira, que a privatização da Cedae acontecerá até o outubro do ano que vem. Segundo ele, a privatização depende do marco regulatório do saneamento, que ainda não foi votado na Câmara dos Deputados. A companhia é a contrapartida de um empréstimo, tomado em 2017, do Estado com o Banco BNP Paribas, de R$2,9 bilhões, principal medida da recuperação fiscal.

— Estamos caminhando a passos largos com a privatização da Cedae, aguardando agora o marco regulatório do Saneamento na Câmara dos Deputados, que era para ser votado em agosto, ficou para setembro e agora está ficando para outubro. Mas pedi ao Rodrigo Maia (presidente da Câmara dos Deputados) celeridade ao processo de votação, porque, ao privatizarmos a concessão de saneamento da Cedae, teremos em três anos, na Região Metropolitana, R$ 10 bilhões em obras para saneamento, resolvendo definitivamente o problema da poluição das baías, especialmente da Guanabara — disse o governador, acrescentando a possibilidade de realizar também o IPO (Oferta Pública Inicial) da Cedae “para torná-la cada vez mais competitiva, transparente e eficiente”.

 

BNDES conclui modelagem: vem aí um esquartejamento da Cedae

Por Ancelmo Gois

Vêm aí quatro novas Cedaes
O BNDES acaba de concluir uma modelagem que prevê o esquartejamento da Cedae. Da costela da estatal, surgirão quatro novas empresas distribuidoras, que serão leiloadas à iniciativa privada. Cada uma ficará responsável por um pedaço da cidade, que já é bem servida de infraestrutura.
Mas, a título de compensação, terá de assumir áreas carentes em outros municípios. Ou seja: quem ficar com um filé-mignon, como Ipanema e Leblon, por exemplo, terá de levar uma carne com osso, como alguns lugares deficitários do Norte fluminense. Nesse modelo, a Cedae continua como fornecedora de água, como já ocorre com a Águas de Niterói.

Cedae irá ao STJ e Supremo contra ações trabalhistas de R$ 30 milhões

Por Ernesto Neves – 17/09

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) recorrerá ao STJ e ao Supremo para solicitar perícia em três ações trabalhistas que apontam o pagamento de, aproximadamente, R$ 30 milhões.

A Cedae também abriu sindicância para apurar se houve perda de prazo ou outras falhas internas relacionadas nos processos.

De 2016 a 2018, a empresa pagou R$600 milhões em indenizações trabalhistas.

Esses recursos representam 45% da folha de pagamento no período. E mais de um terço do que a companhia está investindo nas obras de duplicação do sistema Guandu, orçadas em R$ 1,5 bilhão.
Com 5.500 empregados, a Cedae é alvo de cerca de 10 mil ações trabalhistas.

Vai privatizar?

Por CÁSSIO BRUNO – 

A Cedae está repassando ao governo R$ 330 milhões a título de dividendos. O que quer dizer? A companhia de água e esgoto do estado nunca lucrou tanto.

Cedae tem baixa na diretoria

Por CÁSSIO BRUNO – 

José Sabá Filho, diretor-jurídico da Cedae, deixou o cargo. Não se entendeu com o presidente Helio Cabral. Em 2010, a OAB fez um ato de desagravo contra Filho por desrespeito aos direitos de uma advogada.

Empresa fica em 6º lugar, mas vence licitação na Cedae

Por Cássio Bruno

Publicado às 04h30 de 05/09/2019

RIO – A Cedae, companhia de água e esgoto do governo do estado, acaba de concluir um processo de licitação. Por R$ 27,2 milhões, a Fenixx Serviços Terceirizados Ltda. fornecerá mão de obra (atendentes) a agências da autarquia. Só que a empresa, veja só, ficou em sexto lugar na concorrência pública de um total de sete que participaram da disputa. Ou seja: as cinco primeiras foram desclassificadas. No quadro societário da Fenixx, com sede no bairro do Rocha, aparecem, entre outros, a USS Holdings S/A. Até novembro do ano passado, o presidente era o secretário estadual das Cidades, Juarez Fialho.

Economia poderia ser de R$ 6 milhões

A GMF Gestão de Medição e Faturamento Ltda., por exemplo, ficou em primeiro lugar a um custo de R$ 21 milhões – R$ 6 milhões mais barato do que a Cedae pagará à Fenixx. A GMF foi inabilitada “por não ter apresentado sua proposta de preços readequada como também sua planilha de custos unitários e toda documentação”, segundo a ata da licitação à qual a Coluna teve acesso. A Cedae informou que as empresas “não cumpriram as exigências” e tudo “está devidamente fundamentado em processo administrativo embasado na lei”.

Secretário: ‘Não tenho mais vínculo’

O secretário estadual de Cidades, Juarez Fialho, ressaltou ter deixado a presidência da USS Holdings S/A em 22 de novembro do ano passado. “Eu estava na iniciativa privada. Não era da política. Mas me desliguei para me dedicar ao serviço público. Não tenho mais vínculo com a empresa”, disse à Coluna. Juarez lembrou ainda que “não tem qualquer ingerência na Cedae”. Ele é consultor financeiro e trabalhou em empresas de auditoria como BDO, KPMG e MGF até ser nomeado pelo governador Wilson Witzel (PSC).

Empresa estaduais de saneamento são ameaçadas de privatização

por Camila Marins

Em alguns estados do Brasil, as empresas de saneamento estão ameaçadas de privatização. Isso porque os governos insistem na narrativa de déficit dos cofres públicos. Dois casos têm chamado atenção da sociedade: a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) e Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). O Diário Oficial do Estado de Sergipe publicou, na edição de 1º de julho, o edital de chamamento público nº 06/2019, da Agência Reguladora de Serviços Públicos (Agrese), para deflagrar um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para a elaboração de estudos que demonstrem a viabilidade técnica, econômico-financeira e jurídica para estruturação dos serviços de fornecimento de água e esgotamento sanitário.

Parlamentares, movimentos sociais e sindicatos argumentam que este é o primeiro passo para uma futura privatização da Deso, órgão responsável pelo fornecimento de água no Estado. O engenheiro e presidente do Sindicato dos Engenheiros de Sergipe (Senge-SE), Sérgio Maurício Mendonça, acredita que a privatização trará imensos prejuízos à sociedade sergipana, além de colocar em risco o emprego de diversos funcionários da empresa. “Os danos para a engenharia seriam muito sérios pois, uma vez privatizada, a Deso daria prioridade ao lucro, precarizando os aspectos técnicos do processo de distribuição de água”, informou. Sérgio Maurício ainda alertou que o Senge-SE fará reuniões com os engenheiros da Deso para balizar as ações em defesa da empresa.

Já no Rio de Janeiro, a Cedae, sob o argumento de quitação de empréstimo no valor de R$ 2,9 bilhões feito junto ao banco BNP Paribas, uma vez que a empresa foi incluída no Regime de Recuperação Fiscal. Se o estado não tiver condições de quitar o empréstimo a partir de 2020, o Tesouro Nacional pode tomar as ações da estatal. Com o objetivo de evitar a privatização da Cedae, o deputado estadual André Ceciliano protocolou um Projeto de Lei (PL), em julho deste ano, para retirar a empresa do Regime de Recuperação Fiscal celebrado entre estado e União em 2017. Previsto para ser votado no plenário em setembro, o PL prevê que, para poupar a Cedae, os recursos dos royalties de petróleo passem a ser usados como garantia. Confira a entrevista com o deputado.

Quais as perspectivas de aprovação do projeto?

Quando a Cedae foi dada em garantia para que o estado do Rio aderisse ao Plano de Recuperação Fiscal vivíamos outro momento. Tínhamos um quadro crítico nas finanças do estado com salários em atraso, serviços sendo paralisados e uma ameaça grande na área da Segurança Pública, com policiais sem salários e condições de trabalho. Agora, além do aumento na arrecadação, com o dólar valorizado e o preço do barril do petróleo lá em cima, este cenário é bem diferente. A previsão só para este ano é de R$ 20 bilhões a mais de receitas com royalties. Por isso, acredito que teremos capacidade financeira de arcar com essa garantia, prevista no Acordo de Recuperação Fiscal, sem precisar abrir mão de um ativo importante para o estado do Rio.

Qual a importância da Cedae como empresa pública para o estado do Rio de Janeiro?

A Cedae está dando mais de R$ 800 milhões de lucro por ano e, por isso, é bom que preservemos essa empresa para o estado.

Quais são os principais eixos do seu PL?

O eixo central da proposta é a substituição de uma garantia por outra sem ferir o Plano de Recuperação. O projeto pretende autorizar o pagamento do empréstimo de R$ 2,9 bilhões contraído pelo estado junto ao banco BNP Paribas pela arrecadação de royalties. A receita do petróleo e as participações especiais tiveram um expressivo aumento em comparação ao mesmo quadrimestre do ano anterior. A estimativa é de uma elevação de mais de 100%, saindo de menos de três bilhões de reais em abril de 2018 para mais de seis bilhões em 2019, o que justifica o emprego desses recursos no pagamento da parcela do empréstimo. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a arrecadação será crescente nos próximos cinco anos, saindo de cerca de cinco bilhões de reais para oito bilhões.

 

NO CONGRESSO NACIONAL, MOVIMENTOS PRESSIONAM CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO SANEAMENTO

Depois de aprovado pelo Senado, em regime de urgência, o Projeto de Lei (PL) 3.261/2019 tramita na Câmara dos Deputados. O texto abrirá espaço para a privatização dos serviços de água e esgoto no país. A proposta reproduz o conteúdo da Medida Provisória (MPV) 868/2018, editada durante o governo de Michel Temer, que perdeu validade no dia 3 de junho, após pressão dos movimentos sociais e sindicais. “Em um país com mais de 55 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, privatizar o saneamento é prejudicar e condenar os pobres e o meio ambiente. A ordem do dia é derrubar o PL 3.261 por ser, sobretudo, inconstitucional e continuar a luta para que o saneamento brasileiro possa avançar rumo à universalização”, alertou o engenheiro e presidente da Fisenge, Clovis Nascimento.

Polícia Federal e MPF investigam despejo irregular de esgoto em Niterói

Por William Montarroyos*, às 18:44 – 02/09/2019 | Atualizado em 19:21 – 02/09/2019

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão investigando a Prefeitura de Niterói e a concessionária Águas de Niterói acusadas de crime ambiental.

A empresa é suspeita de despejar esgoto irregular na Estação de Tratamento de Esgoto de Camboinhas.

Em nota, a Prefeitura do município da Região Metropolitana, informou que enviou técnicos ao local, mas que os profissionais não identificaram lançamento de despejos irregulares e que todas as informações solicitadas foram entregues às autoridades.

Já a concessionária Águas de Niterói nega o despejo no Canal de Camboatá, onde funciona a estação.

*Estagiário sob supervisão de Amanda Martins

Confirmado na Cedae

Por CÁSSIO BRUNO

 

A Cedae confirmou ontem Marcos Abi-Ramia Chimelli para diretor de Saneamento e Grandes Operações. Ele é primo de Alexandre Bianchini, que ocupava o cargo. O caso foi relevado pela Coluna na sexta.